Prédio - Museu Roberto Lee

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Fazenda Esperança (atual Parque do Museu)

O galpão onde ficou exposto por muito tempo o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas Roberto Lee, em Caçapava, possui uma história longa e que começou há muitos anos.
Em 1913, vindo direto do Rio Grande do Sul, o coronel João Francisco Pereira de Souza se mudou com sua esposa para Caçapava, uma cidade no interior de São Paulo, na região do Vale do Paraíba. O coronel acabou se encantando com o local justamente por ele lembrar sua cidade natal.

Logo após a chegada do casal, vieram outros 300 gaúchos, todos preparados para firmar chão na cidade. Mesmo não havendo casas ou rede hoteleira suficiente para comportar todo o pessoal, eles se acomodaram nas regiões próximas à Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C) e por lá montaram seu acampamento.
Caçapava demonstrava ser uma cidade geograficamente privilegiada, localizada entre duas grandes capitais, São Paulo e Rio de Janeiro, cortada pela E.F.C. do Brasil, próximo ao Rio Paraíba e à Serra da Mantiqueira. Tornou-se, assim, o local perfeito para que em 1913 fosse instalada a Caçapava Packing House (Indústria P. de Souza & Cia), conhecida popularmente como “Saladeiro”, sob a gerência do Cel. João Francisco Pereira de Souza.

A instalação da Indústria foi de muita importância para o município, pois trouxe desenvolvimento e transformação para a região. Com a indústria já formada, eles trabalhavam com o abate de aproximadamente 500 cabeças de gado por semana, para a produção do charque, também conhecido como “carne-seca” ou “carne de sol”. E no final, toda a produção era exportada.

Dentro do galpão construído, passava um desvio da estrada ferroviária, onde se encontrava uma maria fumaça, facilitando todo o processo de exportação dos produtos que eram trabalhados.

A população da cidade, era beneficiada com todas as partes do gado que não eram utilizadas para o Charque, o saladeiro doava os fígados, o sangue, os rins, a cabeça e até mesmo alguns pedaços de carne para a população.

No ano de 1915, já sob a gerência Coronel Alfredo F. de Sampaio Ribeiro, o preço da produção aumentou, instalando assim uma crise na indústria da carne. O gado que ainda sobrara no local, como tentativa de manter o preço de exportação, acabou sendo vendido para outras cooperativas de diferentes regiões como Minas Gerais e Mato Grosso.
No dia 14 de março de 1915, o Coronel Alfredo F. de Sampaio Ribeiro se afastou dos negócios do Saladeiro por conta dos altos custos de produção e sérios problemas financeiros.
Em abril de 1915, o Saladeiro foi arrendado pelos irmãos Moura, que eram filhos do Dr° Jose Augusto de Oliveira Moura. Eles conseguiram impulsionar os negócios e levaram o comércio para frente.

Durante a administração dos irmãos, importantes figuras chegaram a visitar a indústria de charque, como por exemplo o presidente da associação “União dos Criadores do Rio Grande do Sul” e o maior estancieiro, também do Rio Grande do Sul. Ambos se impressionaram com a produção que encontraram por lá, chegaram até a pensar na possibilidade de oferecer carnes já congeladas para as tropas aliadas durante a Primeira Guerra Mundial.

O Saladeiro manteve suas atividades, produzindo carne seca até 1928.

Com o fechamento do Caçapava Packing House, se instalou no local a Fecularia Matarazzo, que pertencia à família Matarazzo, grandes empreendedores que contribuíram muito para a industrialização do Estado de São Paulo e do Brasil. A indústria produzia subprodutos do milho e da mandioca, como amido de milho, sagu e farinhas, para o consumo doméstico e também para o uso industrial na tecelagem, com a finalidade de engomar os tecidos.

A indústria se localizava num local estratégico, pois na região era muito tradicional o cultivo da mandioca e do milho. A fecularia também fazia o uso do desvio ferroviário, que facilitava o estoque e o transporte das mercadorias produzidas. Os vagões da locomotiva chegavam com a mandioca e o milho sem serem processados e iam embora com os produtos já industrializados e prontos.

O fechamento da Fecularia ocorreu entre 1937 e 1939. Com o início da Segunda Guerra Mundial, os funcionários que eram imigrantes, foram perseguidos e chegaram até a ter seus bens confiscados, tudo decorrente da situação política do momento. Com isso, a indústria acabou encerrando suas atividades na cidade de Caçapava. Alguns anos depois, em 1964, o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas de Roberto Lee foi transferido para o galpão da antiga Fecularia Matarazzo, casado à época com Maria Pia Matarazzo, filha mais nova do Conde Matarazzo.

O museu funcionou no local até 1993, se tornando uma das maiores atrações turísticas da região, recebendo no auge dos anos 70 uma média de 250 visitantes semanalmente e com mais de 90 veículos antigos expostos.

Em 2011 o acervo do museu foi doado ao município de Caçapava e em seguida, no ano de 2014, o prédio onde o museu funcionava também foi doado.

Centro educacional, cultural e esportivo José Francisco Natali

Em maio de 1944, contando com o apoio do prefeito Dr. Rosalvo de Almeida Telles e com a colaboração de muitos caçapavenses, se instalava na cidade a VALPATEX Indústria e Comércio de Tecidos S/A. Os sócios da indústria eram os irmãos Adib, Miguel, José, João, membros da família Chammas. Juntos os irmãos construíram um prédio, no bairro Vera Cruz, com uma ótima estrutura para acomodar a indústria.

Eles iniciaram as atividades com a produção de tecidos variados, onde se destacava a utilização do algodão cru, que além de utilizados para o embalo de produtos destinados à exportação, também tinham um ótimo comércio no varejo.

Conforme a fábrica ia crescendo, aumentavam também os números de funcionários e a produção, o que deixava os irmãos cada vez mais satisfeitos com os investimentos.
Já no ano de 1952, foi introduzido na indústria a produção de um novo tecido, o RAMI, que é um material tipo especial, de linho forte, leve e bem flexível e também. Também foi o período que marca o início dos trabalhos de estamparia nos tecidos de algodão.

Ainda em 1952 a VALPATEX Industria e Comercio de Tecidos S/A teve o seu nome mudado para Fábrica de Tecidos São Jorge e passou a fazer parte das Indústrias Reunidas São Jorge S/A, do grupo São Jorge, relacionado ao Moinho São Jorge e ao Moinho Santo Antônio. Durante este período de transição, a fábrica estava em uma boa fase, possuindo mais de 150 funcionários, onde todos eram sempre bem tratados e supervisionados pelo Sr. João Valente, que atuava como inspetor de qualidade.

Além da fábrica que funcionava a todo vapor, eles tinham também uma loja em frente à rua Santo Antônio, onde era vendido em varejo todos os produtos produzidos na fábrica, atendendo não só a população local, mas também a das cidades vizinhas. Com o passar do tempo, a produção só aumentava e a indústria funcionava dia e noite para dar conta das encomendas. Foi necessário até mesmo a transferência de outros funcionários, também ligados ao grupo das Indústrias Reunidas São Jorge S/A, para que pudessem colaborar na produção.

Mesmo com todo o sucesso que a fábrica fazia em solo caçapavense, por razões ainda desconhecidas, a indústria acabou parando suas atividades por um tempo, retornando brevemente em 1972/73. Porém, em 1978/79, se encerra de modo definitivo as atividades de seus trabalhos.

Com o fechamento da Indústria, restou no local um prédio com uma estrutura muito boa, dentro de um terreno amplo, o que rapidamente despertou o interesse da prefeitura em comprar o espaço. Durante a gestão de Francisco Adilson Natali (1983-1988) foi iniciado as tratativas para uma possível tentativa de compra. O local passou de fato a se tornar um prédio público com a ajuda de Felício Agi no segundo mandato de Natali (1993-1996) e, no final de seu último mandato (2001-2004) o Centro Educacional, Cultural e Esportivo foi inaugurado
Desde 2011, o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas Roberto Lee está sediado no Centro Educacional, Cultural e Esportivo “José Francisco Natali”, localizado na Avenida Dr. José de Moura Resende, 475 - Vera Cruz - Caçapava/SP.

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